Editar música em tempos musicais
Por que não devemos editar música sem levar em consideração os tempos musicais?
De um modo geral, vou falar um pouco sobre teoria e percepção de música pelo público leigo.
Toda música pop ocidental tem uma estrutura rítmica cíclica, organizada em pulsações (batidas que marcam o ritmo) de duração igual. Isso faz com que o ouvinte sinta a música e consiga acompanhar o ritmo estralando os dedos, dançando e até mesmo batendo o pé (sentindo o ciclo rítmico no corpo).
Uma música pop ocidental (como é o caso da grande maioria das músicas usadas na nossa publicidade) precisa ser editada em tempos musicais para não perdermos essa sensação de pulsação, que é a mesma que nos faz dançar, bater o pé e estralar os dedos, além de criar uma certa empatia do ritmo com o público (pela repetição organizada dos pulsos).
Para não perdermos o entendimento do padrão rítmico, sempre editamos a música cortando nos tempos fortes e isso nem sempre casa milimetricamente com a edição de um filme, pois nem sempre se editam as trocas de cenas junto com as batidas (pulsos) de uma música. Para o match ser perfeito, o "filme deve ser editado em cima da música" ou a música deve ser concebida desde o princípio em cima do corte do filme fechado (picture lock). Simplesmente recortar a música, e puxar para lá e para cá, sempre vai deixar com cara de recorte, mesmo quando bem feito.
Se editamos a música de forma a quebrar o ciclo de pulsações (sem levar em consideração os tempos musicais), quem está ouvindo acaba perdendo essa sensação de constância, gerando um estranhamento e até uma sensação ruim. Podemos fazer uma analogia com um DJ ruim que mixa as músicas fora de tempo e ninguém consegue dançar ou bater palma e, por consequência, a pista de dança esvazia.
Lou Schmidt